domingo, 2 de dezembro de 2007

SEJA UM BOM MESTRE, ENSINE A VIVER!

Saiba mais sobre o conceito de mestre nas artes maciais!
O conceito de mestre se perdeu no tempo. Atualmente, o que mais vemos são mestres ausentes dos locais de treinos e que passam muito pouco seus conhecimentos, além de muitas vezes não terem satisfação em lecionar. Muitos se cansaram, seja por falta de motivação, ou por falta de treino, o que acarreta no esquecimento das técnicas aprendidas. Por muitas vezes, não sabem muito, ou por motivo de serem descendentes de pais famosos ou por que aprenderam muito pouco. Estes vivem sob o manto do "eu sei". A verdade é que a grande maioria vive e se esconde atrás deste título e nutre o espírito com a cobiça por dinheiro ou pela fama.

Tempos atrás, era diferente: os mestres escolhiam os seus discípulos. Existiam aqueles que cobravam e os que não cobravam, mas permanecia à vontade na escolha do pupilo. Hoje qualquer um pode ser discípulo. Por um lado é bom, mas por outro não, pois muitos se prevalecem de técnicas marciais para usá-las de modo inadequado, ou melhor, de modo infiel e descredibilizado sob os princípios morais das Artes Marciais.Ser mestre ou ser professor tem o mesmo valor, o que a sociedade precisa entender é o conceito sobre a qualificação do ensino prestado por cada um. Na atual conjuntura, sabemos que para atingir um grau de mestre o interessado precisa passar por vários exames. Sabemos também que, por motivo do grande investimento e pela falta de emissões de notas fiscais, não existe nenhum caso de reprovação. Portanto, para ser mestre, basicamente só precisa ter uma boa condição social e comprar o título.É muito fácil se passar por mestre. A cultura nacional brasileira está muito mal acostumada e pouco informada por achar que estes são os verdadeiros e melhores mestres. Comparando o termo mestre e professor dentro das artes marciais, podemos analisar desta forma: mestre é aquele que domina e professor aquele que ensina.
Não muito distante, vemos muitos "mestres" fumando, bebendo, se alimentando de maneira irregular, agindo e falando contra a moral e os bons costumes, praticando falcatruas, enfim, vivendo muito longe, muito distante de como deve se apresentar um mestre.
O verdadeiro mestre precisa dar atenção, ter equilíbrio, estar presente com sua integridade e com a de terceiros. Ter compaixão e sinceridade em dizer que não conhece ou não domina tais conhecimentos quando perguntado por algum aluno.Ser mestre significa ter domínio dos conhecimentos da vida, conhecer e estar em comunhão de forma profunda com as teorias do Yin Yang, do Chi e do Tao. Deve demonstrar sabedoria em suas palavras e ações, sempre mostrando soluções e apontando diversos caminhos, sem interferir no caminho escolhido do seu neófito. O interesse oculto do mestre é fazer com que seus seguidores não o sigam, mas que criem e desenvolvam sua própria autonomia e atinjam a sua iluminação.
Esta iluminação é imensurável, não podendo ser descrita ou determinada. Sua realidade é comparada ao Tao. "Quando se define o Tao, ele deixa de ser o Tao...". Da mesma forma é a iluminação, quando se pensa: "Estou iluminado", "Alcancei a iluminação", esta se vai.
Quando fechamos nosso pensamento em "eu sou" ("sou professor, sou mestre, sou faixa preta, sou campeão mundial"), abrimos uma porta para a vaidade, a qual nos dá uma falsa realidade de que estamos preparados e uma porta seguinte para o "eu sou o melhor!". Entre o final e o início, em um intervalo de tempo, realmente seremos.
Contudo, se aplicarmos a teoria do Yin e do Yang, observamos que não seremos por completo, pois o Yin contém parte do Yang e o Yang contém parte do Yin, sendo assim, dentro do "eu sou" existe o "não sou". O mestre deve orientar seus discípulos a tomarem cuidado com a vaidade e com o empobrecimento da alma, porém não é o que acontece.
O mestre deve ser justo, distinguir coisas e fatos, ao mesmo tempo em que percebe que as partes fazem parte do todo, enaltece a harmonia interior e exterior de todos ao seu redor. Não chega a ser um homem santo, apenas uma pessoa equilibrada que domina o que conhece, busca a sua evolução marcial e espiritual, além de ser centrado e buscar preservar a harmonia por onde passa.
É através da arte marcial que viabiliza seus conhecimentos herdados, aprimorados, descobertos e teóricos para os seus alunos.Também não é de seu interesse dizer que sua arte é melhor e que suas verdades são as máximas, salvo as teorias milenares. Sabe e tem consciência que o sofrimento não é totalmente ruim e que o termo maldade por muitas vezes é mal interpretado. Deve estar, pelo menos, próximo à periferia da iluminação.
Paracelso dizia que para ser reconhecido como médico precisa de diploma, mas este não se faz médico, somente Deus tem a capacidade de fazer um médico. Da mesma forma se transcreve o mestre. Ser mestre é puramente um dom!
Leiam o que diz esse professor:
No conceito ARTE, está grande parte da capoeira angola (mas não toda...), talvez parte da capoeira regional (não a conheço o suficiente para confirmar isso) e raros grupos de capoeira contemporânea (quem diz fazer angola e regional, e outros estilos).
No conceito ESPORTE, está o restante, ou seja a grande maioria dos grupos que aceitam a questão da competitividade, como campeonatos e disputas.
(não estou querendo cristalizar conceitos ou palavras, mas tentando passar algumas sensações...)
(acho que o Alberto tenta fazer alguns comentários nessa linha divisória, mas acho seu vocabulário muito burocrático-acadêmico-marxista, o que me dá um pouco de preguiça de acompanhar...)
Assim, o que mistura e confunde é a inevitável adaptação da capoeira às mudanças da sociedade.
Pensar que essa capoeira que veio da África (mesmo ainda não sendo capoeira) e se formou na mistura cultural que é a história do Brasil, era ILEGAL há menos de um século. E depois que entramos na LEGALIDADE, começa a acontecer fenômenos que inevitavelmente modificam a capoeira. O fator que mais modificou a capoeira, a meu ver, é o nascimento de um MERCADO. E o mestre de anos atrás, em que raros sobreviviam da capoeira, virou hoje uma PROFISSÃO.
Assim, há muito tempo atrás, se gostava tanto da capoeira que se praticava mesmo correndo o risco de ser preso por isso.
Passamos por um período, em que já não era crime praticá-la e que se fazia capoeira pelo prazer, mas a profissão era outra. O sustento vinha de outras atividades.
Hoje, já tem pessoas que devem entrar na capoeira pensando em se tornar mestre, para abrir sua academia e viver disso.
Num vídeo, mestre Curió comenta que onde corre muito dinheiro, não acontece a sinceridade...
Assim abordar essa mercantilização da capoeira, é separar mais profundamente o se que quer e o que se vive na capoeira.
Aprendi que antigamente nem havia MESTRE DE capoeira, e sim MESTRE DA capoeira.
Isso é o título de MESTRE não era cristalizada na pessoa, e sim da manutenção da RODA ou do fato de se ensinar a capoeira.
Se algum capoeirista chegava numa Roda, perguntava quem era o MESTRE DAQUELA CAPOEIRA, daquela roda de capoeira. Acabava a capoeira, não tinha mais mestre, pois não tinha mais a capoeira. O capoeirista voltava a sua profissão...
Hoje o cara tem diploma e acha que isso vale alguma coisa... (legal aquele e-mail citando o M. Curió e M. Augusto sobre a validade do papel...). Na verdade, o diploma de Mestre de Capoeira não possui qualquer valor a não ser no comando de uma roda de Capoeira. O que vale é a sabedoria que ele possa ter, isso sim, é o que conta.
O próprio conceito de contra-mestre, num grupo/academia só havia UM MESTRE, e os contra-mestres viravam mestres quando o mestre morria. (parece que de uma certa forma criou-se o termo Grão-mestre pra manter uma função parecida com a de ontem, isto é o mestre de ontem é hoje chamado de grão-mestre e o contra-mestre de ontem é o mestre de hoje)
Quando entrevistei mestre João Pequeno em 1996, perguntei quem eram os mestre formados por ele. Ele começou a nomear... Daí um aluno que estava acompanhando a entrevista, comentou que o mestre estava esquecendo fulano de tal.
M. João Pequeno comentou que não era esquecimento, mas que fulano de tal perdeu o espaço e não estava dando aula, daí deixou de ser mestre. Esse exemplo confirma uma ultilização do termo mestre, muito diferente do que se tem hoje...E olhe que isso não tem dez anos...
Rui Takeguma, professor do Iê-SP, membro da FACA (Http://f-a-c-a.vila.bol.com.br)
Obs: Os textos não são meus, porém, expressam o meu pensamento, o meu conceito. Como capoeirista, vejo hoje um enxame de mestres sendo formados, como se diz no popular, a torto e a direito, sem as qualificações necessárias para suportar o título de mestre. E Jesus falou que só haveria um mestre, ele. Aí podemos observar a responsabilidade de uma pessoa ao ser consagrado com o título de mestre e, mais ainda, a responsabilidade de quem lhe concede o título.O mestre deve ter equilibrio, acima de tudo uma postura cheia de dignidade, ter domínio sobre o aprendizado que passa aos seus alunos ou discípulos. Tem "mestres", que andam bêbados nas rodas de Capoeira, outros dopados com outras drogas, que dão pontapés em seus companheiros de arte, portam-se com violência e covardia, destilam um veneno de discórdia e infâmia, não treinam, mas quando interpelados, dizem que sabem tudo, "eu sei", eu "sou", numa falsa sabedoria.São mestres? Não, apenas tem um título de mestre, não tem o dom divino, nem sapiência terrena para sê-lo.

Precisam aprender no coração o conceito de ser um verdadeiro mestre.

As graduações são vendidas, geram lucros e é por isso que não existe reprovação nos testes para trocas de cordão na Capoeira, pois o interesse de um dinheiro a mais para o Natal cria essa forma ridícula e bizarra de vender títulos a quem não está preparado para recebe-lo.
Entretanto, sei que a uma parte, talvez a minoria, faz um trabalho sério, tem condições adequadas para sustentarem o título e formam pessoas qualificadas com as quais deixam o seu legado de sabedoria.
Não basta jogar Capoeira, precisa conhecer a Capoeira em sua teoria e, acima disso, ter equilibrio e discernimento para ensinar sobre as sabedorias milenares e formar cidadãos.

Mister Derme

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